Um dos maiores exemplos de águas poluídas é o Rio Tietê que
nasce nas encostas da Serra do Mar em Salesópolis e corre por 73 municípios
paulistas.
O rio foi determinante na fundação da maior cidade do hemisfério
sul e na ocupação do território ao seu redor nas últimas décadas o
desenvolvimento se estendeu do alto ao baixo Tietê.
O IDH na sua bacia é 14% maior do que a média do Brasil. Porque
a esperança de vida ao nascer é também mais alta: 75,3 anos. É bem diferente de
100 anos atrás, quando as margens e várzeas do Tietê eram evitadas pela
população temerosa das enchentes e de doenças como a malária.
O desenvolvimento econômico e demográfico custou caro ao rio. A
qualidade de suas águas, cristalinas em Salesópolis, torna-se apenas
"boa" em Biritiba-Mirim, "razoável" em Mogi das Cruzes e
"ruim" em Itaquaquecetuba, na confluência com o Rio Aricanduva, já em
São Paulo, fica "péssima", e segue assim por mais 200 quilômetros,
até o desemboque do Sorocaba, em Laranjal Paulista. A seguir vêm mais 130
quilômetros de água ruim. Ela só volta a ficar boa em Barra Bonita.
A degradação se deve ao despejo de efluentes industriais e de
595 bilhões de litros de esgoto doméstico não tratado todo ano no rio - 40% do
total do Brasil. Só a capital é responsável por jogar 750 milhões de litros de
esgoto em estado puro no Tietê diariamente, apesar disso, na maior parte de seu
curso, o Tietê tem águas de boa qualidade. Em Araçatuba, ela vai parar nas
torneiras. Em Penápolis, abriga clubes de pesca de pacus e tucunarés.
Com pouca ajuda, o rio mais poluído do Brasil se recupera e
termina tão limpo quanto começou.
Para saberem mais acessem:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,rio-mais-poluido-do-pais-tiete-e-tambem-o-mais-rico-e-populoso-,1077411,0.htm
Abaixo temos uma matéria bem legal sobre todo o trajeto Rio Tiete!
Abaixo temos uma matéria bem legal sobre todo o trajeto Rio Tiete!
Rio Tietê: especialistas indicam o que deveria ser feito para salvá-lo
Só a atual tentativa de recuperação do principal
rio paulistano custou 3 bilhões de reais. Mas os resultados ainda estão longe
dos desejados
Para quem tem menos de
60 anos, o trecho do Tietê que corta a capital sempre foi sinônimo de águas
escuras, poluídas e sem vida. Até a década de 40, no entanto, o principal rio
da cidade era considerado a praia dos paulistanos. O carioca João Havelange, que
muito antes de presidir a Fifa ganhou fama como nadador e jogador de polo,
lembra-se dessa época com detalhes. ‘Podíamos beber a água do rio sem receio
nenhum’, conta ele. Primeiro como atleta do Fluminense e depois defendendo o
Clube Esperia, ele disputou a travessia de São Paulo a nado cinco vezes, de
1935 a 1943. Realizada entre as pontes das Bandeiras e da Vila Maria, a prova
de 5,5 quilômetros atraía 6 000 competidores, em média. O futuro mandachuva do
futebol internacional levou a melhor em três edições. Mas, depois de disputar a
última, Havelange amanheceu com febre alta. Diagnóstico: tifo negro, uma grave
doença da qual só se livrou após passar quatro meses acamado. Sobre o rio no
qual contraiu a moléstia que quase lhe tirou a vida, Havelange diz, aos 93
anos: ‘Eu me lembro até hoje da emoção que senti ao nadar em suas águas. Meu
grande sonho é chegar aos 100 anos para assistir aos Jogos Olímpicos no Rio de
Janeiro, em 2016. Também gostaria de estar vivo para ver o Tietê limpo
novamente’.
A despoluição de um dos
mais maltratados cartões-postais de São Paulo - que nasce em Salesópolis, a 110
quilômetros da capital, e corre para o Rio Paraná, na divisa com Mato Grosso do
Sul - é um sonho antigo. Foi prometida por diversos governos. Criado pelos
militares na década de 70, o plano de saneamento para a Grande São Paulo
(Sanegran) previa a coleta e o tratamento de todos os dejetos que eram lançados
em suas águas. Nos anos 80, a convite do prefeito Jânio Quadros, o arquiteto
Oscar Niemeyer elaborou um projeto que incluía, além da faxina do Tietê, a
criação de um parque de 18 quilômetros quadrados ao longo de uma das margens,
entre a Lapa e o Tatuapé - a pista no sentido Ayrton Senna seria reconstruída a
1,5 quilômetro do rio. Em 2003, o arquiteto Paulo Mendes da Rocha anunciou
outra proposta para mudar a cara do Tietê: a construção de diversas passarelas,
raias para esportes aquáticos e píeres para transporte fluvial.
Elaborada pela Sabesp, a
atual estratégia de limpeza do Tietê, que já afundou 3 bilhões de reais em suas
águas fétidas, começou em 1992, graças a um abaixoassinado de 1,2 milhão de
pessoas capitaneado pela Rádio Eldorado e pela ONG SOS Mata Atlântica. Orçada
em 2 bilhões de reais, a terceira e atual fase do plano está prometida para
terminar em 2015. Consiste em ampliar o tratamento do esgoto na região
metropolitana. Explica-se: toda a sujeira que é lançada nos córregos e rios da
cidade e de municípios vizinhos vai parar em algum momento no Tietê. É por isso
que a proposta da Sabesp vai diminuir o estrago de outros rios da região, como
o sujo Pinheiros, que também deságua em nosso maior rio.
Fazer com que o Tietê
deixe de ser um esgoto a céu aberto não é tarefa fácil. Por ainda estar próximo
da nascente, o trecho que corta a capital não corre com a mesma força, por
exemplo, do Tâmisa, em Londres, o que dificulta a dispersão de poluentes. A
ressurreição do Tâmisa, aliás, que já teve a morte decretada e hoje abriga 120
espécies de peixe, começou a tomar corpo nos anos 60. Levou duas décadas para
ser concluída e custou mais de 1 bilhão de dólares. Ampliar a rede de
tratamento de esgoto foi uma das estratégias adotadas. A seguir, especialistas
ouvidos por VEJA SÃO PAULO apontam os desafios que precisam ser vencidos para
que o Tietê - ainda que nunca se transforme no rio de águas cristalinas do
início do século XX - deixe de ser uma vergonha. Somadas, as propostas
custariam mais de 11 bilhões de reais aos cofres públicos.
1o Desafio: acabar com o
mau cheiro
Tratar todo o esgoto
lançado em um rio é a primeira e mais importante etapa para torná-lo
cristalino novamente. Nesse sentido, os resultados alcançados pelo projeto de
limpeza do Tietê foram enormes. No começo dos anos 90, 63% dos dejetos da metrópole eram recolhidos, mas apenas 20% desse total passava por algum
tratamento. Hoje, o índice de coleta de esgoto na Grande São Paulo subiu para
84% e o do tratamento, para 70%. Mesmo assim, o nível de oxigênio do Tietê na
capital é próximo de zero (um rio saudável como o Sena, em Paris, que hoje
abriga mais de trinta espécies de peixe, precisa ter pelo menos 8 miligramas de
oxigênio por litro). O vilão é a total falta de tratamento do esgoto produzido
por Guarulhos e cidades do Grande ABC. Elas ainda não se conectaram às estações
de tratamento construídas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo (Sabesp) por razões financeiras - assim que as prefeituras começarem a
usar o sistema, terão de pagar por isso. ‘De nada adiantará tratar todo o
esgoto da capital se os demais municípios da região não fizerem o mesmo’,
explica Carlos Eduardo Carrela, superintendente de gestão de projetos especiais
da Sabesp. Apesar disso, Carrela acredita que a conclusão da terceira etapa do
projeto de despoluição, prevista para 2015, vai resolver ao menos o problema do
mau cheiro das águas. ‘Nossa meta é coletar 87% do esgoto da região
metropolitana e tratar 84% disso’, diz ele. ‘Será o suficiente para melhorar o
odor do rio na cidade.’
Viabilidade: alta (especialistas afirmam que a atual fase do Projeto Tietê
deve ser concluídano prazo).
Tempo mínimo necessário: 6 anos.
Custo: 2 bilhões de reais
(valor estimado para a conclusão da terceira fase do Projeto Tietê).
2o Desafio: evitar novos
transbordamentos
Concluída em 2006, a
ampliação da calha do Tietê diminuiu o risco de enchentes ao longo das
marginais. Para aprofundar o leito do rio em 2,5 metros - antes havia trechos
com apenas 50 centímetros -, foram retirados 7 milhões de metros cúbicos de
pedra, lama e sujeira. ‘Cenas de motorista abandonando o carro para não ser
tragado pelas águas ficaram no passado’, diz o engenheiro hidráulico Aluísio
Pardo Canholi. ‘Mas o Tietê ainda é incapaz de dar vazão a temporais muito
fortes e pode transbordar em alguns pontos.’ Foi o que ocorreu numa terça-feira
no começo de setembro, quando caíram na cidade, entre 8 e 17 horas, 70
milímetros de água, volume altíssimo para essa época do ano. A construção de
piscinões, principalmente nas regiões do Tamanduateí e do Aricanduva, é tida
como a principal solução para o problema. Mas apenas 43 dos 100 reservatórios
previstos no Plano Diretor de Macrodrenagem da Região Metropolitana estão
prontos. Para evitar novas enchentes, o Departamento de Águas e Energia
Elétrica do Estado de São Paulo (Daee) gasta por ano 30 milhões de reais para
retirar 400 000 metros cúbicos de lixo do rio - 35% dessa sujeira é atribuída
ao lamentável hábito de jogar lixo na rua. ‘Se a população não se conscientizar
de seu papel na poluição dos rios, o problema das enchentes nunca terá fim’,
afirma Ubirajara Tannuri Felix, superintendente do Daee.
Viabilidade: baixa (a construção de
novos piscinões na Grande São Paulo anda a passos lentos).
Tempo mínimo necessário: 11 anos.
Custo: 1,1 bilhão de reais (valor estimado para a construção).
3o Desafio: acabar com a
ocupação irregular das encostas
Todos os dias, o Tietê
recebe mais de 700 toneladas de esgoto, in natura, da capital e de municípios
próximos, o suficiente para encher uma piscina olímpica. A falta de saneamento
é a principal causa da aparência feia e escura dos rios que cortam a capital:
30% do que passa pelas tubulações da Sabesp volta para os rios sem tratamento
algum e 16% do esgoto da região metropolitana ainda não é sequer coletado. A
ampliação da rede coletora de esgoto depende, em grande medida, da retirada de
favelas da beira de rios e córregos. Outro problema que precisa ser enfrentado
é a ocupação irregular de áreas de mananciais - cerca de 2 milhões de pessoas
vivem nessas regiões na Grande São Paulo. ‘É dificílimo coletar o esgoto dessas
áreas sem desapropriar parte dos moradores’, explica Carlos Eduardo Carrela, da
Sabesp. ‘Enquanto isso não é feito, o destino final de toda a sujeira continuam
sendo o Tietê e o Pinheiros.’ A segunda fase da despoluição do Tietê reduziu o
esgoto jogado na Represa Billings, o maior reservatório hídrico de São Paulo,
ao redor do qual 700.000 pessoas vivem à margem da lei. ‘Foi uma conquista
importante’, comemora Carrela. ‘Mas terá sido em vão se a prefeitura não impedir
o surgimento de novas ocupaçõesirregulares.’
Viabilidade: baixa (além do
investimento financeiro, a retirada de casas da beira dos rios tem um custo
político com que poucos governantes estão dispostos a arcar).
Tempo mínimo necessário: 5 anos.
Custo: 1,7 bilhão de reais
(valor estimado para a recuperação das várzeas do Tietê).
4o Desafio: impedir o
lançamento de produtos químicos
Um dos responsáveis pelo
atual estado de nossos rios é o esgoto industrial. Em 1992, a Cetesb calculou
que 1 250 empresas despejavam no Tietê 5 toneladas de resíduos químicos todos
os dias. Hoje, o volume de lixo industrial lançado nas águas diminuiu para 307
quilos diários e o número de fábricas que funcionam às margens do rio baixou
para 594. ‘Essas empresas são rotineiramente fiscalizadas para evitar novas
contaminações’, explica Richard Hiroshi, engenheiro da Cetesb especializado em
controle de poluição ambiental. ‘Mas lu Ribeiro, da SOS Mata Atlântica. ‘Mas,
enquanto o problema do mau cheiro não for vencido, nenhuma empresa vai querer
investir nesse tipo de transporte.’ Fora da capital, o Tietê - que tem 1 100
quilômetros de extensão, 800 dos quais navegáveis - é utilizado todos os anos
para transportar 5 milhões de toneladas de carga. Pouco. Pelo Rio Reno, um dos
maiores da Europa e também com 800 quilômetros navegáveis, são transportados
cerca de 200 milhões de toneladas de carga por ano. Para aumentar o transporte
fluvial em São Paulo, Bussinger estuda a criação de um hidroanel de 186
quilômetros interligando o Tietê a outros canais próximos. ‘Isso facilitaria
muito o escoamento de mercadorias produzidas na cidade.’
Viabilidade: baixíssima (só dá para
pensar em navegabilidade se todas as outras propostas forem colocadas em
prática).
Tempo mínimo necessário: sem previsão.
Custo: 2 bilhões de reais
(orçamento previsto para a criação do hidroanel).
texto retidado do sitehttp://vejasp.abril.com.br/materia/rio-tiete-especialistas-indicam-que-deveria-ser-feito-para-salva-lo Acesso dia 03/10/13 às 23h 00 min
Esse texto mostra as relações de causa (os motivos, os porquês) e de
conseqüência (os efeitos) do Rio Tiete até hoje não ter sido limpo mesmo
depois de anos de tratamento. “Elaborada pela
Sabesp, a atual estratégia de limpeza do Tietê, que já afundou 3 bilhões de
reais em suas águas fétidas, começou em 1992, graças a um abaixoassinado de 1,2
milhão de pessoas capitaneado pela Rádio Eldorado e pela ONG SOS Mata
Atlântica. Orçada em 2 bilhões de reais, a terceira e atual fase do plano está
prometida para terminar em 2015. Consiste em ampliar o tratamento do esgoto na
região metropolitana. Explica-se: toda a sujeira que é lançada nos córregos e
rios da cidade e de municípios vizinhos vai parar em algum momento no Tietê. É
por isso que a proposta da Sabesp vai diminuir o estrago de outros rios da
região, como o sujo Pinheiros, que também deságua em nosso maior rio. Fazer com
que o Tietê deixe de ser um esgoto a céu aberto não é tarefa fácil. Por ainda
estar próximo da nascente, o trecho que corta a capital não corre com a mesma
força, por exemplo, do Tâmisa, em Londres, o que dificulta a dispersão de
poluentes. A ressurreição do Tâmisa, aliás, que já teve a morte decretada e
hoje abriga 120 espécies de peixe, começou a tomar corpo nos anos 60. Levou
duas décadas para ser concluída e custou mais de 1 bilhão de dólares. Ampliar a
rede de tratamento de esgoto foi uma das estratégias adotadas. A seguir,
especialistas ouvidos por VEJA SÃO PAULO apontam os desafios que precisam ser
vencidos para que o Tietê - ainda que nunca se transforme no rio de águas
cristalinas do início do século XX - deixe de ser uma vergonha. Somadas, as
propostas custariam mais de 11 bilhões de reais aos cofres públicos.( 1o Desafio: acabar com o mau cheiro,
2o Desafio: evitar novos
transbordamentos, 3o Desafio: acabar com a ocupação irregular das encostas
e 4o Desafio: impedir o
lançamento de produtos químicos.)” ou seja, não adianta gastar milhões de reais se as pessoas continuarem poluindo outras partes do Rio. Seria um processo feito em vão por ter um gasto desnecessário de dinheiro e tempo "perdido".
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